Com pedido de divulgação recebi por mail informacões sobre o ciclo de Conferências da Fundação Calouste Gulbenkian Matemática: A Ciência da Natureza.
« Temos o gosto de convidar V. Exa. para participar na conferência Ter muitas ideias, e a coragem de deitar quase todas fora, que será proferida pelo Prof. Doutor Dinis Pestana (da Universidade de Lisboa) e terá lugar no auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, no próximo dia 28 de Março p.f., às 18h00.
Junto enviamos o resumo e o currículo do Prof. Doutor Dinis Pestana.
Poderá ter acesso a todas as informações relativas ao ciclo de conferências no site: http://www.gulbenkian.pt/matematica2012 e assistir em direto através do site www.livestream.com/fcglive.
http://www.facebook.com/servicodecienciafundacaocaloustegulbenkian »
Resumo
« A construção do conhecimento científico não está isenta de erros. Ideias como o geocentrismo, a indivisibilidade do átomo (a própria palavra significa “não divisível”), ou o flogisto, ilustram bem que convicções erradas podem iludir muitos, e por muito tempo.
Mas uma das características mais nobres da Ciência é ser revisível, é a capacidade de constantemente questionar para aprofundar o conhecimento, e para banir o que pareceu conhecimento mas afinal estava errado. Atualmente, a capacidade de falsear conjeturas que não são, afinal, verdadeiras, é uma das características mais marcantes do que se considera a metodologia da investigação científica, nomeadamente nas ciências experimentais.
A construção da Ciência é um empreendimento coletivo, em que muitos têm contribuições modestas, mas cuja acumulação prepara os grandes saltos no conhecimento. Por outro lado, ideias ousadas, que inicialmente quase parecem insensatas, revolucionam a forma como concebemos e explicamos tudo aquilo que nos rodeia.
É frequente ideias geniais verdadeiramente revolucionárias serem inicialmente encaradas com desconfiança. Na verdade, na moderna metodologia da investigação científica, TODAS as conjeturas que vão ser investigadas devem ser olhadas com desconfiança. Só se se provar que muito provavelmente a sua negação é inverosímil essas conjeturas ganham o direito a ser transitoriamente acolhidas como merecedoras de investigação continuada.
Assim, o bom cientista deve ter o desprendimento, a coragem, de fazer as indagações que possam falsear as suas hipóteses, no caso de elas não serem um progresso verdadeiro. A consequência disso é que das ideias que os cientistas vão tendo pouco sobra — como na mineração, em que de toneladas de ganga se extrai porventura 1g de rádio.
Quando foi anunciada a concessão de um prémio Nobel a Linus Pauling, um jornalista perguntou-lhe o que é necessário para ganhar esse prestigioso prémio. A resposta notável foi: “ter muitas ideias, e a coragem de deitar quase todas fora”.
A Estatística é atualmente uma ciência multifacetada, que usa a linguagem da Probabilidade para avaliar se as hipóteses sob investigação são de facto meritórias. Mais do que isso, a Estatística criou uma disciplina científica de como planear experiências, para obtenção de informação relevante que nos permita analisar questões porventura complexas, e tomar decisões adequadas em situações em que é inevitável lidar com alguma dose de incerteza. De facto, a Estatística converteu incerteza e acaso em aliados, em vez de inimigos, na aventura da criação do conhecimento.
Discutimos alguns exemplos, não esquecendo alguns que mostram que a Estatística também pode ser mal usada. »
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Currículo
« Dinis Duarte Ferreira Pestana
Licenciado em Matemática Pura, Universidade de Lisboa, 1972 (17 valores). Doutorado em Sheffield, UK, em 1978, sob orientação do Prof. D. N Shanbhag (Contributions to Unimodality, Infinite Divisibility and Related Topics). Provas de Agregação em Matemática Aplicada, Universidade de Lisboa, 1983.Carreira docente na FCUL, Secção de Matemática Aplicada (até 1983) e Departamento de Estatística da FCUL (desde 1983), sendo Professor Catedrático desde 1986 até à data de aposentação (Novembro de 2010). Lecionou sobretudo Probabilidade, Estatística, Bioestatística, Análise Numérica, e colaborou com diversas instituições de ensino superior. Orientou 18 doutoramentos. Dirigiu o projeto Measuring the Real World, e atualmente dirige o projeto Probabilidade, Modelação e Análise de Dados, no Centro de Estatística e Aplicações da Universidade de Lisboa.»
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« Próximas conferências:
18 Abril 2012 | 18h00
Geometria com dobras de papel: como o origami bate Euclides
Ana Rita Pires
Cornell University
16 Maio 2012 | 18h00
Como rodopia um pião, e porquê
Eduardo Marques de Sá
Universidade de Coimbra
6 Junho 2012 | 18h00
A Teoria do Caos: de Homer Simpson ao futuro do Planeta
M. Paula Serra de Oliveira
Universidade de Coimbra
24 Outubro 2012 | 18h00
A linguagem secreta do Universo
José Natário
Universidade Técnica de Lisboa
14 Novembro 2012 | 18h00
Trigamia intelectual: Poincaré, Hamilton e Perelman
André Neves
Imperial College
12 Dezembro 2012 | 18h00
A Matemática, o Universo e tudo o resto
Jorge Buescu
Universidade de Lisboa
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